2025

Como Redigir o RDO (Relatório Diário de Obras) de Forma Objetiva e Estratégica

Como Redigir o RDO (Relatório Diário de Obras) de Forma Objetiva e Estratégica

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Índice

O RDO (Relatório Diário de Obras) é uma ferramenta fundamental na gestão de qualquer empreendimento de construção. No entanto, ele é frequentemente mal compreendido e, por vezes, transformado no “muro das lamentações” ou “caderno de fiado” da obra. Para que o diário de obra funcione como uma ferramenta eficaz de gestão e administração contratual, é crucial saber o que e como registrar, garantindo clareza e segurança jurídica.

A seguir, apresentamos os principais tópicos e diretrizes para a correta redação do RDO, conforme discutido por especialistas em administração contratual:

O Que é o RDO e o Seu Papel no Contrato

O RDO é, essencialmente, uma ferramenta básica de registro. Ele não deve ser o documento mais importante da obra, uma vez que a informação contida nele geralmente é duplicada em outros registros mais específicos, como medições, cronogramas e folhas de pagamento.

Com o advento da administração contratual, criou-se o “fetiche dos registros”—a ideia de que se deve registrar tudo no diário de obra. Isso é um erro. O RDO não é um “livro de fiado” onde se anota pendências para cobrança futura, pois essa abordagem transforma o registro em uma muleta para a incompetência, evitando o trabalho necessário de análise de projetos, medição e negociação.

Para mais detalhes assista nossa live completa sobre o assunto:

A Importância da Objetividade na Redação do Diário de Obra

A redação do diário de obra deve ser preenchida de forma objetiva. A linguagem ideal utiliza substantivo, verbo de ação e objeto (sujeito, verbo e concreto).

O que evitar:

  • Emoções e Adjetivos: Evite usar adjetivos (ex: “Estamos extremamente preocupados”) ou advérbios. Se você quer escrever adjetivos, “escreva um livro de poesia, não um diário de obras”.
  • Muletas Redacionais: Evite frases como “alertamos sobre os problemas” ou “estamos com extrema preocupação”.
  • Discussões e Bate-boca: O RDO não deve ser um local para estender discussões sobre um assunto. Se a discussão se prolonga, isso é sinal de que as pessoas no campo não têm competência (capacidade) para resolver o problema; é necessário procurar alguém com essa capacidade.
  • Textos Conflitantes: Textos confusos ou com erros de português são comuns, especialmente porque a comunicação em obra é feita por pessoas que muitas vezes não são especialistas em literatura. No entanto, o objetivo deve ser sempre a clareza para que a mensagem não seja mal interpretada.

As Três Dimensões Essenciais do RDO: Área, Preço e Projeto

O registro no RDO deve se concentrar nos aspectos fundamentais que definem a execução do contrato: área, preço e projeto.

É fundamental não apenas registrar, mas também antecipar o problema. A atuação da equipe deve se concentrar em:

  1. Área: Verificar se a área está liberada.
  2. Projeto: Analisar se os projetos estão corretos e completos para a execução.
  3. Preço: Verificar se a planilha de serviços tem preço para a atividade a ser executada.

As maiores dificuldades enfrentadas pelo proprietário (e que devem ser registradas) são as incompatibilidades entre especificações e preços, as interferências no subsolo, a falta de liberação de área e atrasos no envio de projetos.

Evitando a “Zona de Guerra de Registro” e Reduzindo o Nível de Informação

Quando o registro vira uma discussão prolongada (“guerra de registro”), a verdade some, atrapalha o relacionamento, e torna impossível reconstruir a história da obra. Nesses casos, a recomendação é evitar a qualquer custo essa guerra.

O RDO está situado na segunda camada da Pirâmide de Dultra, um nível onde os registros tendem a estar em uma “zona de guerra” porque o contrato e as leis são muito interpretáveis.

Para maior credibilidade e para resolver problemas, o ideal é descer o nível dos registros para as camadas de documentos de engenharia (níveis 3, 4 e 5). Exemplos de documentos de engenharia que devem ser priorizados sobre o diário de obra incluem:

  • Lista de controle de projetos (GRD).
  • Medições (registro do que foi executado).
  • Relatórios de topografia (para liberação de bases, por exemplo, assinados pelas partes).
  • Procedimentos executivos e documentos da qualidade.

Como Registrar Atividades e Impactos Pontuais no RDO

Admitindo que o RDO será utilizado corretamente, ele deve conter informações básicas do dia a dia da obra:

Informações Básicas do RDODetalhamento Necessário
IdentificaçãoData, local, escopo, contratada e contratante.
Condições ClimáticasSe houve chuva, volume pluviométrico, e se o tempo estava bom, nublado ou chuvoso.
RecursosMão de obra (direta e indireta), equipamentos e subcontratados. A nomenclatura deve estar conforme o histograma contratual para permitir correlação.

Registro de Atividades Executadas:

As atividades executadas devem ser registradas considerando três aspectos:

  1. Situação: Se está iniciando, continuando, terminando, paralisada ou retomada (informando o motivo da paralisação).
  2. Descrição: De preferência, conforme o cronograma (usando o ID da atividade) para permitir a correlação.
  3. Área: Descrever a área conforme o projeto e o cronograma.

Registro de Impactos Pontuais:

Impactos pontuais são ocorrências específicas com causa e impacto bem delimitados (ex: paralisação por falta de liberação de acesso).

Um comentário eficaz sobre um impacto pontual deve:

  • Delimitar o horário da interrupção.
  • Identificar o motivo específico.
  • Especificar a atividade impactada (com o ID do cronograma).
  • Indicar o horário da liberação (se houver).
  • Listar os recursos (colaboradores e equipamentos) paralisados e o período em que ficaram disponíveis.

Exemplo de registro eficaz: “Paralisação das atividades de montagem eletromecânica (ID X) na subestação Y devido ao atraso da liberação da PTS. A liberação ocorreu às 10:00, impossibilitando o início antes das 10:30. Equipe civil (lista de colaboradores/equipamentos) paralisada entre 8:00 e 10:00”.

O RDO como Parte de um Sistema de Gestão Documental

O RDO é ineficaz para registrar impactos sistêmicos (aqueles que afetam a obra como um todo e são recorrentes, como atraso de liberação de projeto ou falta de quantidade/preço em planilha).

Para antecipar e resolver problemas sistêmicos, o registro deve ser feito dentro do sistema de gestão da obra. Isso permite prever o futuro do contrato.

Em vez de registrar no diário de obra:

  1. Problemas de Projeto/Informação Técnica: Emita Consultas Técnicas (CIT) ou Solicitações de Informação Técnica para obter respostas da contratante e definir o planejamento.
  2. Mudanças de Escopo: Emita uma Solicitação de Mudança (SM), detalhando o motivo, os documentos de referência e o impacto de custo e prazo.
  3. Liberação de Área: Use relatórios mensais ou semanais, mapas ilustrativos, e relatórios de topografia (assinados) para documentar as áreas não liberadas (retráficos).
  4. Serviços Adicionais (Ordem Econômica): A ideal é antecipar a análise de projetos e mandar um takeoff com preço novo. A formalização da execução de serviço adicional deve ser feita por aditivos contratuais ou Autorizações/Ordens de Serviço Extra (OIN), apropriando efetivos e equipamentos e recebendo a assinatura das partes. O que não se deve fazer é dar o serviço de graça ou “vender fiado”.

Em resumo, o RDO é um registro diário necessário, mas sua função principal é ser um registro básico de fatos pontuais e de alocação de recursos. A gestão eficaz da obra e a resolução de problemas sistêmicos dependem de uma análise integrada de projetos, custos e cronograma, e do uso de documentos de engenharia mais específicos.

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