2025

Governança da Engenharia: Entre Dados, Decisões e Desperdícios

Governança da Engenharia: Entre Dados, Decisões e Desperdícios

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Em uma edição do “Obras em Movimento”, promovido pela CON.TECH e CLIMB, João Almeida, sócio fundador da EXXATA, trouxe um tema que gerou debate: a Governança da Engenharia baseada em dados para combater os desperdícios na construção civil. O webinar, com Bernardo Etges da CON.TECH como anfitrião, explorou as causas da baixa produtividade brasileira e apresentou soluções com potencial de transformar o setor.

A Ausência de Governança na Execução de Obras

João iniciou sua apresentação destacando que, enquanto departamentos como suprimentos e RH possuem governança com limites de compra e salários pré-determinados, a execução de obras frequentemente carece de um sistema de governança. Equipes de campo, como engenheiros ou gerentes de contrato, muitas vezes decidirão sobre alteração de rotas de terraplanagem ou reposicionamento de guindastes, cujas consequências só são descobertas meses depois. “Isso não deveria ser assim”, afirmou Almeida, “Deveria existir uma instância ou comitê decisório para essas circunstâncias”.

A palestra enfatizou que os problemas da construção – como mudança de escopo, projetos incompletos e alterações de projeto – são uma realidade e não desaparecerão em breve. A solução, portanto, não é esperar que eles sumam, mas sim estabelecer um sistema de governança para lidar com essas “situações normais” dos empreendimentos.

O Impacto na Produtividade e nos Custos

João Almeida apresentou dados, revelando que a produtividade média do trabalhador da construção brasileira é de apenas 20 por hora, um dado apurado com base em informações da CEBIC e IBGE. Contudo, a experiência da EXXATA mostra outra realidade.

Em projetos onde a Governança da Engenharia foi implantada, identificando problemas de projeto e liberação de áreas, e mobilizando equipes para trabalhar apenas em áreas prontas, a produtividade média subiu para 37.93 por hora. Isso representa quase o dobro da média nacional! Por outro lado, obras sem governança, que “fazem o que dá para fazer” e usam a construtibilidade para “contornar obstáculos”, registram uma produtividade de 21.33, próxima da média brasileira.

A aplicação da governança eleva a produtividade brasileira do nível da Grécia para o da Dinamarca, questionando a ideia de que o problema está no operário. “Parece que o problema está nas pessoas que definem a estratégia de trabalho”, pontuou Almeida.

Além disso, contratos sem governança resultam em claims de até 38,29%, enquanto aqueles com governança reduzem os claims em 10 vezes, para apenas 4,14%. Isso demonstra que trabalhar com engenharia de processo em áreas liberadas e com projeto definido não apenas dobra a produtividade, mas também diminui os custos adicionais.

Lean Construction e Engenharia de Processo

A filosofia Lean (Lean Construction) foi destacada como ferramenta para fornecer diretrizes de execução, dar uma visão geral aos operários e encadear o que pode ser feito com base no projeto e na área disponível. A CON.TECH, por exemplo, tem o propósito de transformar o setor da construção civil focado na educação e muito com base nas temáticas que permeiam o Lean Construction, conectando a governança diretamente com essa filosofia.

João Almeida criticou o foco na engenharia do produto em detrimento da engenharia do processo. Ele defendeu que a engenharia de processo, muitas vezes detalhada em manuais de equipamentos e órgãos como o DNIT, é negligenciada. O Lean Construction e ferramentas como a linha de balanço surgem como soluções para engajar todos, do diretor ao operário, no planejamento do processo, eliminando a dependência da “tomada de decisão pontual no campo”.

A Função Social da Engenharia e o Futuro da Construção

A discussão também abordou a função social da engenharia, que desde sua origem visa o bem-estar da população civil. Almeida ressaltou que uma melhoria na produtividade poderia reduzir os custos de moradias, tornando o acesso à casa própria mais viável e combatendo o déficit habitacional.

O webinar da CON.TECH e EXXATA foi um chamado para que os engenheiros assumam maior responsabilidade, foquem em decisões baseadas em dados, e adotem a governança da engenharia e a filosofia Lean Construction para direcionar o trabalho de forma eficiente. O problema não é o trabalhador, mas a falta de uma estratégia de gestão que valorize o tempo e o esforço de todos, transformando a construção civil brasileira.

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